O Sebastianismo é a crença, o mito de que D. Sebastião, rei de Portugal morto em África na batalha de Alcácer Quibir, voltaria um dia numa manhã de nevoeiro para livrar o nosso país do domínio dos reis espanhóis da Dinastia Filipina.
Sebastião ou não, a verdade é que esta forma de pensar ainda está muito presente nos Portugueses de hoje em dia. O típico Português passa o tempo conformando-se com a sua vida, por pior que seja, pois tem sempre aquela esperança, aquela crença que milagrosamente um dia lhe sairá o euro-milhões e voilá, acabaram-se os problemas! Um exemplo de muitos, pois não faltam situações em que esta forma de pensar se aplique no dia a dia de todos nós.
Na minha opinião esta mentalidade é uma das principais causas da nossa inactividade e falta de atitude dos últimos séculos de declínio do nosso país. Os Portugueses preferem críticar os problemas, queixar-se, e esperar que os outros façam tudo por eles. “Ah o governo é corrupto, são uns ladrões! Este país é uma desordem!!.... Mas esperem que eu vou emigrar para Luxemburgo, e o resto do pessoal que trate do assunto!” Os Portugueses agora fogem aos seus problemas em vez de os enfrentarem como sempre o fizeram antigamente. Onde estão os Portugueses de antigamente? Aquele espírito aventureiro e inovador? Se antigamente se queria chegar a algum lado, pegava-se num barco e lá iam eles, nem que fosse preciso passar pelo Adamastor, nem que fossem precisos anos e inúmeras tempestades e perigos inimagináveis, por mares nunca antes navegados, terras nunca antes palmilhadas, povos nunca antes vistos, mas os Portugueses iam e enfrentavam os problemas, chegavam onde queriam, e eram os primeiros e os melhores. Onde está esse espírito, onde está a nossa mentalidade aventureira? Não passamos de uns cobardes agora. Uns cobardes que preferem fugir do país para o estrangeiro e esconderem-se nos cafés a ver futebol em vez de tentarem melhorar o país. Se alguém protesta, sejam os professores ou os camionistas, alguém os apoia? Não! Há umas palavras que representam bem a mentalidade dos Portugueses, que são as seguintes: “Primeiro eles vieram buscar os Comunistas, e eu não falei porque não era Comunista. Depois eles vieram buscar os Judeus, e eu não falei porque não era Judeu. Depois eles vieram buscar os Católicos, e eu não falei porque não gostava de Católicos. Quando me vieram buscar, não havia mais ninguém para falar em meu apoio.”
Temos que mudar a nossa mentalidade, Portugal não pode continuar assim, um país de gente cobarde que prefere ficar individualmente á espera da sorte grande, em vez de se unir e enfrentar os seus problemas como um todo. Desde o tempo de D. Sebastião que isto anda assim. Naqueles tempos os Portugueses não faziam nada, sempre à espera que o ouro do Brasil chegasse. Hoje em dia não acontece a mesma coisa? Os Portugueses continuam a não fazer nada, enquanto ficam á espera dos subsídios da União Europeia. Estamos mal habituados, a nossa mentalidade tem que mudar, não podemos continuar para sempre à espera da ajuda milagrosa vinda do exterior.
Para além do mais, não há motivos para esperar pela vinda do Sebastião, a não ser para lhe dar uma tareia pelo que fez ao nosso país. Foi ele que, ao morrer, levou a que Portugal passa-se a ser parte de Espanha, esta levou a nossa frota poderosa contra Inglaterra. A nossa frota, das mais poderosas e experientes da Europa, foi assim destruída numa tempestade. Os ingleses, agora em guerra connosco, capturaram um dos nossos navios, Madre de Deus. Este navio, vindo da India, era três vezes maior que qualquer navio inglês da altura. Os ingleses precisararam de um dia inteiro e de 5 navios para capturar o barco Português, que era apenas um barco mercante, nem sequer um navio de guerra. O tesouro que o nosso navio carregava era igual a metade de todo o tesouro Inglês, por isso imaginem a riqueza que nós não tinhamos. Ao chegar a Inglaterra, o nosso navio era tão grande que era até maior que as casas da cidade e até as pessoas do campo o conseguiam ver de longe. Nenhum inglês alguma vez tinha visto algo assim. Foram estas riquezas que levaram a Inglaterra, e outros países como a Holanda e a França a começar a ter interesses nos descobrimentos, e Portugal, enfraquecido com a perda da sua frota, negligenciado pelo governo Espanhol, e com esta mentalidade, entrou em declínio e não pode aguentar com a nova concorrência, e acabou no Portugal anedótico que todos conhecemos de hoje em dia. Tivemos tudo, e por causa de D. Sebastião, não temos nada. Por isso não vale a pena continuarmos nesta mentalidade, á espera dos milagres que resolvam tudo. Foi por causa de D. Sebastião e da subsequente mentalidade, que o mundo agora fala Inglês, e não Português. Foi por causa de D. Sebastião que o V Império não passou de uma ilusão, de uma glória agora esquecida pelos próprios Portugueses.